Quero minha poesia azeite de oliva,
doce sobre salgado deslizar,
sêmen de couve-flor dividindo a porcelana...
Mas tá espótico, hein?
quarta-feira, 28 de dezembro de 2011
domingo, 30 de outubro de 2011
Ah! o amor? hum...!!!
pesca de bomba,
um dó de peito,
ratoeira,
alçapão,
ódio na contramão,
armário vadio,
antagonista num monólogo
Completa aí o nosso poema coletivo...
sexta-feira, 29 de julho de 2011
Vê se entende meu grito de alerta...
Veio de pronto em minha cabeça agora essa música. Lembrança de Mainha... "Meu! filho!, as! palavras! têm! força!"... dizia com uma calma de condenação e com os "ssss" rechicoteando sinuosamente na boca!!! Nunca tive dúvida depois disso da carne de cada vocábulo. Lá em casa nunca se xingava ninguém pelo reconhecimento do poder da palavra... No dia que eu disse que Fulaninho era maluco, ela me corrigiu dizendo: "você quer mesmo isso para ele?"! Carreguei até outro dia o medo de que eu fosse responsável acaso um dia ele perdesse a razão...
Ai, Nome da Pelada?... jamais! Ainda hoje, quando escuto, vejo olhos aguerridos dizendo-me: "aí não!"... e hoje vejo corriqueiramente os meninos dando o tal nome da pelada sem a menor burocracia com que éramos patrulhados a não dar... Falta de respeito com aquela de quem não se pode dizer o nome... Ave Maria!
Tenho certeza plena que a gente adormeceu a língua e não entende quando uma palavra ferve na boca, cura dor de dente e desobstrui uma artéria: "vá tomar no cu!", pronto! disse! Vá-tomar-no-cu ficou tão chato... em tempos de cirurgia bariátrica, perdemos mesmo foi a medida. Nostálgico, lembro que para ir na casa de titia Alice ou de titia Catita, a gente tinha de se ajeitar e pedir bença e saía de lá todo reluzente... amava ir na rezadeira comer bolacha de goma enquanto ela proferia palavras de quioiô, ininteligíveis e poderosas! Outro dia, foi que eu parei para pensar porque para entrar na casa de Dona Lindaura tinha de pedir uma licença diferente e escutar dela, de uma criança, um sorriso mágico e convidativo!!! Licença, gente... que peso!
Recuperei essas memórias depois de ouvir Lágrimas com Bethânia que tem uma dose precisa da explosão de cada palavra. Não falo da voz dela, mas de como ela usa o poder de que Mainha sempre me falou... o segredo de cada palavra dita num encaixe de tempo, sabor e desejo: his-tó-ria! Quero saber respeitar cada palavra, alcançá-la à tez, no gesto de cada curva tocante de língua, lábio, dente e ar... devorar um "amor" como que consumindo meu corpo. No dia em que eu descobrir a alquimia presente em "cada verso triste que a dor me ensinar", a dor só será mais um sabor... sem intoxicar!
Vou indo à procura da alerta de cada grito de um verbum ainda que imerso no mais rubro silêncio... [brega, menino...]
sexta-feira, 1 de abril de 2011
Uma Kombi, quatro amigas e eu
Era noite de domingo, véspera do dia de que meu amor mais gosta da semana, o dia da renovação: segunda. Mas, era também o dia de cinzas de um sábado muito efusivo, irresponsável e profanador. Tinha passado dos limites. Zanguei-me em casa e saí para Li-ber-da-de - o bairro que me justifica existencialmente.
Porém, não vou falar de queixas amorosas. O assunto aqui é a travessia Periperi - Liberdade, às 22h de domingo. Depois disso, aprendi que o tratamento de coração se faz dentro de uma Kombi, na alegria e desespero de uma Kombi!
Então, vamos lá! Juntei três camisas, uma calça, notebook na mochila e lá fui eu. Embarquei no Mirantes de Periperi via Imbuí, vazio. Os dois ou três que tinham carregavam nas ventas a cerveja gelada de um domingo de sol. Soltei no Largo do Tanque e peguei o segundo para o Sieiro... com mais do mesmo, o povo ensopado de cerveja. Não deram 10min de chegado, resolvi voltar para casa em busca do meu amor (grosso ou hostil, meu!). E é aí que começa a oficina cardíaca...
Peguei um Fazenda Grande, e mais cerveja, e mais gente bêbada, e soltei de volta no Largo do Tanque. Passado mais de 30min, apareceu uma Kombi típicas do Brasil high-tech (sem portas, com arames, sem estofados, mas com mta espuma e banquinhos de madeira... mais de 15 pessoas dentro) e, sem pestanejar, me joguei.
A Kombi, assim como meu coração, não se aguentava em pé. Música de fundo: uma música gospel neopentencostal... cujo coro era "é fogo, é fogo, é fogo... queima o coração dele..." Parecia que tudo, ali, falava de mim. Dei por mim no meio do banco entre 4 amigas muito divertidas e corpulentas, daquelas negras que alimentam o imaginário local e estrangeiro. As meninas, como que para fazer a viagem passar, estavam ressignificando o sentido da música: o fogo da músico já era o delas, como anunciavam, e se mexiam numa cadência que, se não era excitante para mim, era bastante engraçado.
O motorista, sonolento, guiava o carro bastante introspectivo. À frente, com certeza, era o casal de A última crônica, de Fernando Sabino: a mãe, o pai e a filha pequena, bem penteada com uma fatia de bolo. Cena inesquecível. Ao lado do motorista, numa Kombi, 5 pessoas... trabalhadores de shopping, com certeza... sacolas de roupa e fardas acusavam.
Na altura da Baixa do Fiscal, todos tiveram oportunidade de conversar. Uma daquelas Blitz de periferia parou a Kombi, mas não sob protestos, especialmente os das irmãs cajazeiras que logo cuidaram de dar nota aos policiais: "Hum gostoso, olha prali, menina!!". A outra: "Me prenda, Seu Polícia"... Risadas sem economia. Para além das críticas moralistas, adorei: elas eram espóticas. Desce ou não desce, os Policiais, adivinhos da minha pressa e da insanidade da lógica do transporte público e daquele em especial, resolveram deixar a Kombi passar.
As fofocas logo começaram e a folia reinou. Elas começaram a me atacar, a brincar e a perguntar o que eu estava fazendo ali, já que tinham pego ônibus comigo na ida (não tinha prestado atenção), mas, na certa, se voltávamos no mesmo rastro através do qual fomos, era por alguma razão, quero acreditar. Folia dentro do carro, os meninos do fundo já 'vançaram nas meninas... Festa pronta! Desci em Periperi acreditando na Humanidade e pensando: tem gente que sabe viver. As condições eram desumanas, mas o jeito era seguir. Fiquei cheio, porque despertei desejos, nem pisei no chão. Barriga murcha, marchei em direção ao ponto de ônibus, na certeza de que todos me olhavam e estavam a me venerar.
Ficção! E como tal, numa íntima relação com o tal do R$! Curado das dores, podia voltar para casa, deitar na cama e dizer, insolitamente, eu te amo, Mali!
quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011
Prelúdio de uma tese!
Rio da minha dificuldade de dar nomes às coisas... da minha ingenuidade de querer simplificá-las para me tornar maior que elas...
Estar à borda ou na superfície nem sempre é ver e ter controle de tudo. Lembremo-nos: "debaixo d'água tudo era mais bonito, mais azul, mais colorido...mas tinha de respirar.
Quero sufocar!
segunda-feira, 17 de janeiro de 2011
Ui
Quando o dizer não se aquartela em palavras,
o amor faz samba, de terno e de saia
e obriga a voz, rouca e esfaimada
a puxar pelos braços, cinturas, pernas
tesão e saudade.
o amor faz samba, de terno e de saia
e obriga a voz, rouca e esfaimada
a puxar pelos braços, cinturas, pernas
tesão e saudade.
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Que tal escrever um pouco sobre você?
sexta-feira, 7 de janeiro de 2011
20011 possibilidades de si mesmo!!!
Acordei na manhã de 31... ou primeiro? Não sei, descobri que o álcool afeta a memória. Desculpem-me. O fato é que, quando cheguei no nosso carro, estava lá, escrito a dedo na poeira de 2010: 20011 (leia-se dois mil e onze, por que não?). Para além de buscar irritação com os arranhões, com a forma não legalizada de grafar 2011, resolvi compreender as várias possibilidades de grafar a nós mesmos em 20011.
Com direito a coração, 20011, no vidro do fundo do meu carro, já começou a ser um ano de muito criatividade, fertilidade e amor. Desejo o mesmo para todos vocês!!!
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